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O deodorense Misael Domingues da Silva

Misael Domingues, o engenheiro da música deodorense.

Foi um grande deodorense que enalteceu o nome da sua terra (Cidade de Alagoas, Atual Marechal Deodoro) no campo da engenharia civil e da música. Nasceu na cidade de Alagoas (atual Marechal Deodoro), no dia 21 de dezembro de 1857, Estudou em sua terra natal (Cidade de Alagoas, Atual Marechal Deodoro) e, aos doze anos de idade, foi para Maceió, onde ingressou no Colégio São Domingos, do qual seu irmão Francisco Domingues era Vice-Diretor. Alguns anos depois, lecionou desenho no Colégio Bom Jesus, fundado, em 1872, por este mesmo irmão. "… o nome do deodorense Misael Domingues teve larga tradição; exerceu, no campo da composição musical do Nordeste, um papel importante, de alta influência, de repercussão social.

Um misto de técnico e artista. É o que se pode dizer, de forma rápida e concisa, deMisael Domingues da Silva, esse notável alagoano que muito enalteceu o nome da sua terra no campo daengenharia civile damúsica. Difícil é dizer qual das duas capacidades foi preponderante. Enquanto aplicava, pelo país afora, a sua competência na execução deobras de grande portee de alta complexidade, deixava-se tomar pela enorme inspiração para compor as mais lindas melodias, chegando a ser comparado aErnesto Nazareth, na opinião domaestro Guerra Peixe.

Estudou em sua terra natal (Marechal Deodoro) e, aos doze anos de idade, foi para Maceió, onde ingressou noColégio São Domingos, do qual seu irmãoFrancisco Dominguesera Vice-Diretor. Alguns anos depois, lecionou desenho noColégio Bom Jesus, fundado, em 1872, por este mesmo irmão. Na capital, aprendeu música e a tocar piano com José Procópio Galvão e José Alfredo.

Em 1875, seu nome já era conhecido na capital do Império. Nas páginas doJornal do Comércio, consta anúncio da polka-lundú "Mamãe já disse", impressa e distribuída pela loja de músicas de "D. Filippone".[i]Estranhamente, seu nome aparece como "Misael Lordsleem", que havia sido adotado pelo seu irmão José Domingues, sobrenome este que não pertence à família.

Formou-se pelaEscola Politécnica do Rio de Janeiro, em 27 de novembro de 1885. No ano seguinte estava de volta à Maceió, onde se engajou no movimentoabolicionista, propagandeando suas ideias pelo jornalLincoln, que muitas vezes teve que compor, após aprender a arte tipográfica.

Como profissional, exerceu numerosos cargos, principalmente na construção de estradas de ferro em Pernambuco e Pará e na fiscalização do porto da Paraíba (atual João Pessoa) e Recife.

Casou-se, em primeiras núpcias com a SrtªIsabel Domingues, natural de Jaboatão, que veio a falecer, a 3 de setembro de 1890, aos 25 anos de idade, vítima de tétano puerperal.

Viúvo, e ainda nos seus 33 anos, contraiu novo matrimônio, e com outra moça de Jaboatão, a SrtªMaria Domingues Lacerda. Quis o destino que, também de parto, perdesse a sua segunda esposa, em 15 de agosto de 1895, deixando dois filhos menores:Alpheu Domingues da Silva(foi agrônomo do Ministério da Agricultura e adido agrícola da embaixada do Brasil em Washigton) eDélia Domingues da Silva(foi casada comNavito Domingues da Silva, funcionário dos Correios e Telégrafos em Recife).

Casou-se, então, pela terceira vez, agora comAnna Domingues d'Além, com quem conviveu até o final da vida. Ana faleceu somente em 21 de maio de 1949. Morava na Rua Barão de São Borja, 180, em Recife.

Deixaram os seguintes filhos:Gentil Domingues da Silva(agrimensor),Renato Domingues da Silva(agrônomo),Genaro Domingues da Silva(funcionário público municipal em Recife);Marquinha Cury(casada em São Paulo com Nagib Cury),Inah Ramos(casada com o comerciante Luís Silva Ramos, em Recife),Lucy Loyo(casada com Arthur Silva Loyo, comerciário),Aline Domingues de Castro(casada com Manuel Gomes de Castro, funcionário do IPASE em Recife),Diva Domingues,Julita DomingueseNadina Domingues.

Teve papel importante nacampanha abolicionista, participando, com seus dois irmãos Francisco Domingues e José Domingues Lordsleem e outros idealistas, de ações de alta relevância em defesa da causa dos negros. Tanto que, em 13 de julho de 1884, um domingo, na residência do Sr. Luiz Ephigênio do Rosário, reuniram-se artistas alagoanos e muitas outras pessoas de diversas classes e fundaram aLibertadora Artística Alagoana.Essa associação abolicionista era composta de duas categorias de sócios: os Efetivos, formada exclusivamente por artistas; e os Protetores, constituída de outros que aderissem à ideia e contribuíssem da mesma forma que os sócios Efetivos. A primeira Diretoria ficou assim constituída: Presidente: José Domingues Lordsleem; 1º Vice-Presidente: Graciano Lapa; 2º Vice-Presidente: Joaquim Plácido; 3º Vice-Presidente: Ladislau Lobato; 1º Secretário: Adolpho Alencar; 2º Secretário: Pedro Nolasco; Orador: Dr. Misael Domingues; Vice-Orador: Augusto Sátyro; Tesoureiro: Antônio Alves.

Já no dia 3 de agosto, noTeatro Maceioense, participou, junto a cerca de cinquenta estudantes alagoanos, da fundação doClube Estudantesco Alagoano[iii], outra associação de cunho abolicionista, cuja Diretoria ficou assim constituída: Presidente: Misael Domingues: 1º Vice-Presidente: José Simões; 2º Vice-Presidente: Gabriel Varella; 1º Secretário: Fausto de Barros; 2º Secretário: Eusébio de Andrade; Orador: Carlos Vallente; Vice-Orador: Fernandes Lima; Tesoureiro: Enéas Moreira de Lima.

Foi também fundador do jornalLincoln, um dos jornais mais engajados na luta pelofim da escravidão.

Faleceuno dia 2 de outubro de 1932, na sua residência à rua Esmerandino Bandeira, nº 110, no Recife, deixando a viúva D. Anna Domingues d'Além, doze filhos e seis netos.

Por ocasião das comemorações docentenário de nascimentode Misael Domingues em Alagoas, o Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas realizou sessão solene, cuja saudação coube ao sócio Félix Lima Junior. A solenidade contou também com a presença do seu filho, o engenheiro agrônomo Renato Domingues da Silva, que executou, ao piano, algumas de suasmúsicasmais conhecidas.[iv]Em nome da família, agradeceu o Dr. Alpheu Domingues da Silva, também engenheiro agrônomo e técnico de reconhecida competência, tendo sido chefe da Inspetoria do Serviço de Algodão do Ministério da Agricultura e adido na Embaixada do Brasil nos Estados Unidos.

Misael Domingues. Foto: Almanak Henaut, 1912-1913

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Mário Bastos ESCRITO POR Mário Bastos "Histórias Deodorense" Editor
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