Poesie-me
Conte-me o inacreditável.
Jogue-me ao fogo com a impagável noção de tomar-me.
Diga-me o que meus ouvidos não esperam ler.
Faça-me ir ao outro lado do mundo e descobrir a nova cor.
Case-me com o teto e o pensar.
Prende-me à visão imaginável do saber.
Deixe-me entre as placas e o coração.
Guarde-me num baú secreto onde eu possa me achar.
Pague-me o choro e o riso.
Deite-me na grama ao balanço das estrelas.
Leve-me ao monte do século XVI.
Traga-me à ela na varanda e a ele na evasão.
Coloque-me sob mãos na dor.
Narre-me em mentes certeiras.
Traga-me à exatidão.
Escreve-me sabendo do meu calar.
Rasgue-me nas entrelinhas.
Agarre-me em olhos de outros.
Passe-me para o futuro.
Viaje-me no lugar que quiseres.
Envolve-me em quem eu posso flutuar nos anos secos.
Force-me a ver o invisível.
Abrace-me com a força e a graça dos pássaros.
Esconda-me sobre as letras.
Cante-me aos galhos da tarde.
Roda-me por várias cidades.
Ensine-me a ler na mansidão.
Transporte-me nos dias escuros e nos caminhos recheados.
Sopre-me em alarme.
Tire-me do chão.
Grita-me em alta voz.
Encoraje-me a seguir em paz.
Poesie-me!
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