Olhos de Jaspe I
Não mais soube discernir se afoguei-me
No verde-mar dos teus olhos
Ou foi a imensidade do mar esverdeado,
Que habita em teu olhar, que afogou-me.
Mas, bem sei que foi o verde...
Ou do mar ou dos teus olhos, mas o foi!
Foi o feixe de luz mais límpido, acendedor de faróis,
A pigmentar-se com a cor dos mares verdejantes e
Ancorar o veleiro da minha solidão.
Foi o humor aquoso
Das tuas chimbras, chumbadas de nefrites,
A captar a luminosidade virente das minhas angústias...
Talvez, meu amor,
Foram as ondas cor de esmeraldas lavadas
Que sacudiram-me para todos os lados
E submergiram-me na profundidade da tua clorofila;
Foi a verdura da tua íris
Que nutriu as benqueranças da minha carne.
- outrora pálida e anêmica;
Foi o verdume dos teus olhos
Que arrepiou-me os cílios d'alma,
Provocando um cardume de paixões indecifráveis;
Foi o anil da loucura
E o louro transparente da minha insensatez
Que tingiram meu corpo em aquarelas verdes-mil.
Foi o azul Van Gogh da tua calmaria
A misturar-se com o amarelo Amaral
Da minha inocência...
Que garimparam esta pedra barroca,
- Dantes inerte e fria!
Chapiscando o lodo úmido mais alvo
Nas paredes do meu corpo.
Sim! Agora o sei, meu bem:
Foi o verde mar dos teus olhos de jaspe
Que as ondas do mar esculpiram
Nos vitrais da tua áurea.
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