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Morto em vida

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A gente pensa que não, mas a gente perde pessoas em vida também. E há quem diga que a morte é a pior forma de perder pessoas. Eu discordo. Perder pessoas que ainda estão vivas também é uma péssima maneira de se separar daqueles que amamos.
Seja por uma doença, como o Alzheimer, a distância, o tempo ou por outras pessoas, é doloroso demais você ver alguém que ama se distanciando e não poder continuar com ele na sua vida.
Você sente que precisa se aproximar de novo dela, mas parece haver um muro entre vocês. Um muro que você não sabe como quebrar ou com qual material se pode escalar. Daí você desiste de quebrá-lo, de escalá-lo e pensa que assim vai ficar melhor.
Mas não fica.
É como se embora aquele laço vá se perdendo com o tempo, as lembranças continuem... cada vez mais fortes e dolorosas.
Então...
Então, depois que as palavras se calam e as tentativas cessam, a espera começa. A espera de que a outra parte de alguma forma se importe com você o bastante para lutar também ou de que seu cérebro entenda que deve desistir e aceitar, pois aquela doença levou a melhor sobre quem você ama e hoje se for ficar ao lado dela deverá saber lidar com essa ausência.
Aos poucos, a gente vai se acostumando - que palavra ridícula - com o silêncio do outro lado e compreende que acabou.
Acabou.
Acabou, eu já sei disso. O que eu não sei é o que fazer com as palavras que guardei dentro de mim e que hoje estão entaladas na minha garganta.
Para quem vou dizê-las?
Se para você nenhuma delas tem significado.

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IORGAMA PORCELY ESCRITO POR IORGAMA PORCELY Escritora
São Leopoldo - RS

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Comentários

Ron Perlim
Ron Perlim

Gostei da forma como você encarou os mortos-vivos.