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Pânico nas ruas de Maceió III

Pânico nas ruas de Maceió III


sabe, hoje, acordei com uma coisa,

aquela sensação de que estava de cabeça para baixo,

aquela sensação de que estava prestes a afundar naquele imenso mar azul

mas era apenas o céu com suas ondas confusas.


quando recobrei a consciência,

percebi que estava sobre um morro coberto de lixo

prestes a explodir.

quis correr, porém, um torpor não permitia que eu reagisse,

como se durante o sono alguém ou alguma coisa

tivesse feito algo comigo,

justamente para não reagir, não contrapor nem reivindicar.


fiz força para sair, mudar de ponto, de latitude,

pois não podia, cercado por ratos, ratos que destruiam a cidade que inventei nos sonhos

de infância;

em pânico quis falar, tentei, eles quase conseguiram me calar,

quem? os alicerces antigos que mantém o falso cimento armado de pé

que enche nossos olhos

que prende nossa atenção

que nos aliena

que nos vendem para a ficção

como produto do meio

ou meio de produção

cópia da ficção que todos pensamos ser realidade.


em pânico, com o coração doído, os ratos avançam, nada os impede,

eles estão vindo... estão chegando... estão perto...

talvez não consiga terminar o poem...


Autor: Fábio dos Santos

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Fábio dos Santos ESCRITO POR Fábio dos Santos Escritor
Maceió - AL

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