Ontem, Hoje, Amanhã

Ontem eu não pensava, não sofria, não chorava.

Ontem eu cantava, sorria, sonhava.

Ontem eu não precisava mentir, não precisava fingir nem pensava em fugir.

Ontem eu dançava, livre, espontaneamente...

Os contos de fada ainda existiam em minha mente,

Meus caminhos eram livres, sem sombras, sem mágoas,

Havia flores, muitas flores, cheias de vida e beleza,

De nada eu duvidava,

Pois em mim havia certeza.

Havia lindas noites de lua e manhãs de sol e emoção,

Havia paz e alegria em meu coração;

Sem medo eu andava, brincava e sorria,

Nada me assustava nem me afligia.

Hoje eu penso, em coisas que não há,

E às vezes, sem motivos pra pensar,

Sofro; ou talvez nem sofro, como penso sofrer,

Pode ser mais um pensamento bobo,

Um pensamento sem querer,

Que me faz chorar sem motivos efetivos

Para viver a me preocupar.

Meu canto já não tem graça,

Como o que ontem eu cantava,

De melodia a lamúria foi o que se tornou

Depois de conhecer a vida, depois de conhecer o amor.

Hoje sonho mas não há castelo encantado,

Sonho em ter alguém do meu lado.

Se finjo ou tento fingir,

Ou mesmo sem querer, mentir,

Há uma inexplicável vontade de fugir

Para bem longe de todos e daqui.

As pequenas coisas  já podem me afligir e assustar

Me enchem de tédio e me fazem chorar.

Amanhã, não sei, porque ainda virá...

Posso não precisar pensar, sofrer ,

Nem de saudades chorar.

Mas não mais fingirei, eu sei,

Não mais mentirei, não mais fugirei.

Poderei ainda dançar,

Em promessas de amor ainda acreditar.

O meu caminho seguirei, flores ainda verei,

Sob a lua eu sei, sonharei,

Nas manhãs de sol cantarei,

Minha fé comigo sempre estará

A me proteger, a me guiar.