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Um pouco de café

Era um amanhã como outras, ou pelo menos era o que achava,  mas quanto estava chegando em minha casa, deparei-me com uma situação diferente, estava deitado em minha porta um senhor, magro, com a pele queimada do sol e marcada com pelo tempo, em seus olhos haviam uma tristeza  e ao mesmo um tempo uma serenidade, como aquela que só vemos em pessoas mais idosas, ele estava vestido com roupas simples, uma camisa de botão de mangas compridas, daquela que o meu avó costumava usar, uma calça de tecido marrom com as pernas cortadas um pouco acima do calcanhar, os seus pés calçava uma sandália de couro.

Ele olhou-me, percebeu que aquela era a minha casa,  sentiu-se um intruso e afastou-se para que eu pudesse passar.  Pergunte-lhe se queria alguma coisa, ele fitou-me por alguns segundos com um olhar de surpresa e disse-me que queria se eu pudesse arranjar um pouco de café para ele tomar, não pensei duas vezes, corri para dentro, peguei uma xícara coloquei café, peguei um pão que havia sobrado do café da manhã, e levei para o senhor,  ele comia apressadamente e com dificuldade, em consequência da ausência de dentes na boca, e quanto comia eu me lembrava das histórias que minha avô contava, as histórias dos meus antepassados, das butijas enterradas, do cangaceiros. Mas qual seria a história desse senhor, quem era sua família, o que ele tinha visto durante sua vida.

Ele acabou o café, me agradeceu e partiu acompanhado pela solidão. Eu queria chama-lo de volta, escutar suas histórias, dar-lhe de comer, de beber. Mas nada fiz, as palavra ficaram presas em minha boca.

As pessoas idosas tem uma vida inteira pra nos ensinar e muitas vezes nos passamos por era elas como se não as enxerga-se, muitas pessoas acham que elas são um fardo. Mesmo depois de terem feito o “mundo” para suas famílias os idosos são abandonados em asilos.

Eles só querem de volta um pouco do amor e dedicação que eles deram a vida toda, eles só querem que as pessoas que tiveram que ouvir e resolver todos os problemas, suas famílias, escutem suas histórias, querem um pouco de paciência como aque temos com as crianças eles só querem que o país que construíram retribua pelo o trabalho de uma vida inteira. Que não lhe deixem desamparados.

Esse texto apesar disciples dedico ao meus avós: José Albino (já falecido), Maria Rosa, José Lins, Maria Aparecida de Barros

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