Habitante de uma estrela
Pai!
por onde vagas
agora que não mais te vejo?
em qual dessas estrelas repousas
esperando por mim?
Havia tanto para te dizer...
mas me calei
tanto havia o que de ti descobrir
mas não te indaguei
retive-me no meu egoísmo
nos mal suplantados dissabores
de nossa vida material em comum
Vivíamos sozinhos... em nós mesmos
vendo-nos... sem nos ver
remoendo mágoas
trocando farpas em nossa vã superficialidade
dominados por um coração selvagem
Não me fizeste a redoma que logrei
não te fiz os carinhos de que precisavas
ambos somos medíocres perdedores
desprovidos do amor paterno-filial
fomos, portanto, privados desse paraíso
Cedo foste habitar nalguma dessas estrelas
enquanto eu... cresci quase só nesse mundo
que ao invés de ter-me sido hostil
e repletos de ardilosos vilões
- de quem, decerto, me protegerias -
ofertou-me o herói que em sonho suplicava
É tarde!
de que nos adiantam remorsos e lamentos?
não há como regressar àquele tempo
em que eu era uma menina carente
e tu, um menino aprendiz de Pai
Mas, posto que somos imortais
ainda serei alvo de teu carinho paternal
e tu... do meu afago filial
Simone Moura e Mendes
(Poesia do livro Eu mesma... nua)
1 mil visualizações •
Comentários