Eu não desistiria

Se alguém que bem me quisesse

Me tomasse pelos ombros e me dissesse:

- Desista! Isto é inútil!

Eu não desistiria.

Fecho a porta do meu quarto e desprezo a vida lá fora.

Em secreto vou ao teu encontro.

O silêncio da tua voz ecoa através da escuridão que me rodeia.

Lágrimas correm em meu rosto enquanto meus lábios, trêmulos, clamam por tua face.

Se alguém que bem me quisesse

Me tomasse pelos ombros e me dissesse:

- Desista! Isto é inútil

Eu não desistiria.

Sigo a te buscar. Ei de te encontrar.

Procuro em cada esquina, pelas ruas estreitas e confusas fui ao seu encontro.

Lá você não estava.

Desalento e amargurado volto para casa, contudo, não desesperançado.

Se alguém que bem me quisesse

Me tomasse pelos ombros e me dissesse:

- Desista! Isto é inútil

Eu não desistiria.

Sigo a caminhar pela estrada da vida, áspera, a pés descalços e sem dispor de bússola.

Apenas coração contrito e uma alma sedenta, isso eu tenho.

Sigo sem destino certo, debaixo deste sol que me queima a face.

Suplico meu último suspiro, clamando por teu resgate.

Se alguém que bem me quisesse

Me tomasse pelos ombros e me dissesse:

- Desista! Isto é inútil!

Eu não desistiria.

Ando de um lado a outro. Não consigo aquietar-me nu canto.

Vejo a janela bater por causa do vento que sopra do norte.

Me aproximo dela desencantado da vida, mas como quem deseja apenas mais um minuto de vida.

Salta-me aos olhos o crepúsculo eminente. Não obstante, sinto a brisa bater-me a cara.

Sinto paz.

Minh ’alma se encheu de gozo e me vi envolto de uma inexplicável paz.

Simplesmente, sinto paz.

Se alguém que bem me quisesse

Me tomasse pelos ombros e me dissesse:

- Desista! Isto é inútil!

Eu não desistiria.

Eu não desistiria...